SE
RECORDAR É VIVER..., ENTÃO VAMOS RECORDAR AOS QUE NUNCA DEVERIAM SER
ESQUECIDOS..., ALGUNS PELOS SEUS PECADOS E OUTROS POR FALTA DE AMOR E
COMPAIXÃO...., DOKA INTERNACIONAL CONSTANTEMENTE NA LINHA DA FRENTE PELA
VERDADE.
O UNICO
"Declarações de André Gomes, chefe do departamento do Estado-Maior da
Guiné-Bissau em Novembro de 1980 no Comissariado do Interior no pós-golpe de
estado conduzido pelo ex: Comissário-Principal do Presidente Luís Cabral
"Nino Vieira."
Na Guiné-Bissau não havia
Primeiro-ministro.
Primeiro-ministro só em
Cabo-Verde.
Unidade
Cabo-Verde-Guine..., só em Bissau!
Até um Angolano foi ministro
de cultura em Guiné-Bissau.
Ironia da unidade entre
Guiné-Bissau e Cabo-Verde."
O extrai de declarações de "André
Gomes"
*** Nino Vieira-
André Gomes,
quantos membros de CEMFA, do Comissariado de Interior e responsáveis de
segurança do Comissariado do Interior, participaram em reuniões preparativos
para as execuções dos ditos presos políticos?
- André Gomes : Sim, esta
pergunta da reunião preparativo para as execuções dos contra revolucionários no
"CEMFA" participaram os seguintes camaradas:
O chefe Umaro Djalo
Lúcio Soares
Honório Chantre
Julinho de Carvalho todos
responsáveis do Estado-maior.
Os chefes dos
departamentos:
André Gomes,
Abdulai Bari,
Arafan Mané (Indjamba,)
Bobô Queita,
João da Silva,
Armando Soares da Gama,
Mamadu Alfa Djalo,
José Nancassa e as vezes
Sana Fuma (Sousa.)
Elementos de Estado do
Comissariado do Interior participaram os camaradas:
Constantino Teixeira (Tdjudju
Axxon,)
António Buscardine,
Lourenço Gomes,
Luís Correia e as vezes o
camarada "Quintino
Vieira (Sabará.)"
*** Nino Vieira- André, Quem eram
os responsáveis militares do Comissariado do Interior e de segurança que
organizavam e elaboravam as listas de execuções dos presos?
- André Gomes
: A reunião de elaboração das listas e programa das execuções dos contra
revolucionários, considere-os como um acto normal por estado-maior.
Mas nós não participamos
directamente nas execuções. Nas reuniões, primeiro reúnem os dois Comissários,
os camaradas Umaro Djalo e Constantino Teixeira que estão sempre em contactos
permanente e depois os chefes dos departamentos são convocados para uma reunião
geral em conjunto.
Na primeiro reunião
participaram :
Constantino Teixeira,
Umaro Djalo,
Lúcio Soares,
Honório Chantre,
Julinho de Carvalho e
António Buscardine a níveis dos
responsáveis supremo do Comissariado do Interior e das forças armadas e depois
convocam uma reunião geral para explicar a situação dos contra revolucionários.
*** Nno Vieira- André, o quê
que se tratava de importante nestes reuniões gerais?
- André Gomes
: Nesta primeira reunião gerais que se passou no ano passado, respeitava a
execução dos elementos de "Malam Sanha" de forma como Buscardine nos
explicou.
Porque esta reunião
surpresa para executar os elementos de Malam Sanha e Malam Sanha ninguém
esperava. Cerca das 10 horas, recebi uma telefonema no meu departamento por
intermédio do oficial de ligação entre os dois Comissários que tínhamos uma
reunião urgente as 10 horas com os elementos de seguranças de estado, onde
todos os membros de estado-maior devem participar as dez horas "pil."
Entrei na sala de reunião
dei com os camaradas:
Lúcio Soares,
João da Silva,
Bobo Queita,
Julinho de Carvalho e
Morgado sendo os primeiros
elementos a chegarem e entrei e ocupei o meu lugar.
Minutos depois aparece
Umaro Djalo perguntando se os convocados já chegaram e eu disse-lhe não por
momento e telefonei muitas vezes para Base aérea de Bissílanca afim contactar
Gazela não consegui.
***Nino Vieira- Gazela participa
também nas reuniões?
- André
Gomes : Sim. Participa. E depois acabaram por concentrar todos os elementos do
estado-maior e Umaro Djalo disse, vamos aguardar a chegada dos camaradas do Comissariado
do Interior.
Um dos primeiros a chegar
foi o camarada Constantino Teixeira que perguntou imediatamente por Umaro
Djalo, Lúcio Soares..., e disse-lhe que se encontra no gabinete de Honório
Chantre porque o seu gabinete encontra-se em estado de renovação.
Camarada Constantino
Teixeira com ar de pouco amigo, perguntou se os outros elementos do
Comissariado não tinham chegado e disse-lhe que não e ligou imediatamente para
o seu comissariado perguntando por Buscardine que estava a espera de Luís Correia
que estava muito atrasado e depois chegaram.
A reunião foi aberta pelo
Umaro Djalo explicando que os camaradas do Comissariado do Interior
apresentaram listas dos contra revolucionários que querem fazer levantamentos,
mas aguardo a explicação do camarada Buscardine por mais detalhe.
Todos em silêncio
escutando explicações do António Busacrdine como Secretário-geral de
Comissariado de Interior.
Buscardine começou a dizer
que os grupos de "Malam Sanha" que estão em Brá e em conjunto com os
antigos comandos africanos, começaram a praticar em certos actividades contra
revolucionárias, porque temos as informações concretos das suas actividades e
alguns indícios que começaram aparecer no Bairro de "Kumtum" e é
preciso tomar medidas urgente eliminando essas pessoas.
E foi para mim uma
surpresa, depois de tantos pedidos de esclarecimentos a reunião prolongou muito
tempo e depois o Constantino perguntou o quê estavamos a espera com estes
contra revolucionarios, porque eram pessoas que deviam ser eliminados a muito tempo
se for eu a tomar decisão.
E no decorrer da reunião
achamos que a única decisão é de acabar com eles definitivamente.
E ainda o Constantino
replicou a sua ira dizendo, que muitas vezes explicou o chefe sem citar o nome
e não me usei da palavra e não me fiquei lembrado se os outros usaram de
palavras, mas todos estavam do acordo com Umaro Djalo para formar uma comissão
de execuções e foram indicados pelo Umaro Djalo os seguintes elementos:
Eu, André Gomes como responsável de
operação que tinha todos os mapas do terreno e mais outros camaradas como:
Julião Lopes e
Bobô Queita como homem de
transporte.
E antes do termo da
reunião o tio Lourenço usou da palavra.
*** Nino Vieira.., O que ele disse?
- André Gomes
: Ele disse que muitas das vezes avisou que estes indivíduos são muito
perigosos e qualquer dia vão tirar-nos no puder se continuarmos a brincar com
eles.
E acrescentou que na sua
opinião, o fuzilamento devia dar inicio mais rápidamente possível.
Terminada a reunião, o
camarada Bobô Queita foi encarregado de preparar as viaturas.
Eu e o camarada Julião
Lopes fomos encarregados para preparar os terrenos para as execuções que não
deve demorar muito tempo.
Tomamos a incumbência e
partimos no dia seguinte para interior do país a fim de sondar terrenos que se
adapta as execuções.
Mas o camarada Constantino
Teixeira, deu-nos apoio na procura do terreno dentro de Bissau e aceitamos a
sua ajuda.
Mas só que no local
apontado pelo Camarada Constantino Teixeira em Bissalanca o lugar não era
propício, porque havia muitas tabancas.
E voltamos para explicar o
Camarada Constantino Teixeira que em Bissau o lugar não é aconselhável para as
práticas das execuções sumarias.
Então ele disse que a
única solução é a região de Oio no sector de Portugol e aceitei logo porque
conheço bem o terreno, porque eu tinha um pequeno grupo naquela área e ali que
é mesmo favorável, porque é o meu sítio favorito para caça dos animais.
*** Nino Vieira vocês foram escolher o
Terreno, e como prepararam as valas?
Bom! Já que não
queres responder, depois da escolha do terreno em companhia do Constantino
Teixeira o quê que fizeram depois?
André Gomes : Voltamos
imediatamente para Bissau onde fiz um bilhete para "Chico Tavares."
Nino Vieira Quem é o Chico
Tavares?
André : Chico Tavares na
altura era chefe de estado-maior de batalhão de infantaria de Mansoa, onde
expliquei na carta que seguia ao seu encontro para uma missão especial com 24
homens dirigido por "Tagme Na Way."
*** Nino Vieira- Quem é Tagma?
André : Tagma Na Way é um
capitão de exercito que estava na unidade do palácio e mais tarde foi
transferido para o polícia militar (PM) na amura, com a missão de preparar
cinco valas com seguintes dimensões:
3 metros de profundidade,
3 metros de comprimentos e
2 metros de larguras
com a distancia de 100
metros cada e tudo deve ser resolvido antes de domingo a tarde.
*** Nino Vieira foi em que data?
André Gomes : Foi em 16 de
Dezembro de 1978
Prossegiu:
*** Nino Vieira, André Gomes : Quando
as valas foram concluídas, camarada Chico mandou-me explicar que os trabalhos
estão prontos e entrei em contacto com o António Buscardine informado que o meu
trabalho esta concluído segundo as suas indicações e perguntou-me se as
viaturas estão prontos e lhe disse sim senhor, mas de qualquer modo vou
perguntar o Camarada Bobô Queita responsavel de transporte se as viaturas estão
prontas e telefonei imediatamente o camarada Bobô no seu gabinete perguntei-lhe
se as viaturas estão prontas e disse-me que logo a tarde ia dar resposta porque
ordenou Mário Ribeiro para preparar as viaturas.
As 3 horas da tarde
comecei a ver os carros a entrarem na "Amura" e eu estava a observar
na varanda do meu Departamento e logo perguntei Mário Ribeiro se os carros
estão prontos para missão e disse-me sim e até Bobô Queta já mandou atesta-los
e pedi logo que os levassem para a Marinha com mais espaço para receber os
carros.
*** Nino Vieira- No total foram quantos
carros preparados?
André Gomes : No total
foram 6 carros e telefonei Buscardino confirmando que as viaturas estão prontas
para o serviço e respondeu que eles já estão prontos e que estão a nossa
espera.
Chamei o Mário para deixar
os condutores irem jantar e voltar mais rapidamente possível mais tardar as 9
horas da noite, porque à missão é de grande responsabilidade.
As 8 Horas e 30 minutos,
saí da minha casa e passei pelo Comissariado do Interior para encontrar com o
Buscardine e não o encontrei e dirigi-me directamente para marinha e encontrei
o Julião Lopes comandante da Marinha sentado num banco ao lado do Mateus o seu
adjunto e perguntei o oficial dia se tudo estava em ordem e disse-me sim,
camarada André, tudo em ordem e mesmo os outros condutores estão a dormir
aguardando a hora da partida.
E chamei logo o Mário
Ribeiro para ir buscar os condutores, os condutores vieram e pegaram nos carros
e seguiram directamente para o Comissariado do Interior e depois parti com
Julião Lopes para o Comissariado do Interior e encontramos o Buscardino a nossa
espera e disse que tudo está pronto e mesmo as listas estão entregue ao ofical "Orlando."
E policias de Buscardine
todos sabiam do assunto e eu julgava que eles tinham separado os presos que vão
ser fuzilados em vários celas, porque em Cumeré não à luz vai e vai ser difícil
fazer separações dos presos selecionados na escuridão por essa noite.
Chamei o
"Orlando" que estava vestido de "Camuflado militar" (farda
militar) e ele meteu a mão no bolso e tirou as listas, mas não abriu porque
estavamos numa esplanada e o Mário Ribeiro estava presente, talvez lá é que foi
o engano do Mário de dizer que falei de "Tchen e cordas."
Era isso que eu queria
esclarecer sobre as declarações do Mário Ribeiro devido a pergunta que eu fiz o
"Orlando" sobre listas e que o Mário Ribeiro julgou que eu estava a
perguntar o Orlando de "Tchen e cordas."
Então partimos sem
Buscardine e fomos até a curva onde Camilo teve o desastre do carro a pouco
tempo com Braima Bangura e disse Julião, é melhor para não avançarmos e ficamos
aqui a espera deles, passado quinze minutos vimos um carro estacionado ao lado
da prisão embarcando uma mulher que ia ser fuzilada por ter matado uma outra
mulher segundo explicação dadas pela policia de estado, de seguida chegaram os
carros carregados dos prisioneiros selecionaddos e perguntei Orlando se
cumpriram com a missão, disse-me sim, que tudo estava de acordo com as
instruções de Buscardine e eu disse-lhe então Nô Pintcha.
E partimos em direcção a
Nhacra em companhia de Julião Lopes, quem conduzia era eu e estacionamos
naquela madrugada junto ao poste de Nhacra e outros carros dirigiram directamente
para cumeré e outros ficaram parados porque os prisioneiros estavam com sede
pedindo água.
Dirigimos para cumeré
porque os outros perderam muito tempo para se juntar e encontramos os
prisioneiros a serem almejados e amarrados com cordas.
Depois do trabalho feito,
partimos para o lugar de fuzilamentos e chegamos volta de 5 horas de madrugada
e foram executados uma hora mais tarde devido confusões com as valas comuns.
As coisas aconteceram de
acordo com as informações dada pelo Mário Ribeiro concernente as dificuldades
do terreno para chegar aos locais das execuções.
*** Nino Vieira - Como é que
organizavam as execuções?
André Gomes : As execuções
foram organizadas de acordo com abertura das Valas e verificamos quantidades de
homens que cabiam numa vala e aplicamos as formalidades perguntando se alguém
tem algo a dizer e depois eu disse Julião que está aqui ao meu lado depois de
ver o "Saieg" no grupo, porque eu tinha conhecido no Cumeré e
perguntei-lhe, Saieg, tu outra vez aqui?
Ele me disse, não sei!
E disse ao Julião, estás a
ver a confusão de tudo isto!
Porque ele e os outros
tinham sido feitos processos individuais e foram perdoados e outra vez estão
aqui todos!
O Julião fez-me o sinal
com a mão que não sabe de nada.
O "Orlando" e os
seus companheiros, têm muita experiencia neste domínio, onde têm uma corda que
pode atar até 20 pessoas poupando algemas.
Depois de tudo bem
preparado, formamos em retaguarda dos condenados mais ao menos 7 homens armados
e preparados para executar depois de serem perguntados se tinham alguma coisa a
dizer ou recado a mandar.
Mas como já estão naquela
situação dificil, cada um diz o que apetecer.
O único de facto que me
lembrei dele é do "Sikre" que me disse; André diga o Tdjudju Axxon
que eu parti ( im by tdjà) eu disse-lhe esta bem, vai ser entregue o seu
recado.
Depois das formalidades,
mandamos abrir fogo e caiem dentro da vala e tiramos as cordadas e enterramos.
*** Nino Vieira..., Nós temos
conhcimentos que tu participavas diretamente e fuzilando?
André Gomes : Ali Julião
presente, eu nunca peguei em nenhuma arma para matar alguém, nem um dia.
Tirando fora da luta
armada! Nuna e nunca. Tanto no portugol e outros locais, nem um dia!
*** Nino Vieira...,Vocês iam com
gasolinas para queimar os fuzilados?
André Gomes : Problema de
Gasolina foi a ideia do Buscardino, falou da gasolina para queimar os
fuzilados, eu lhe disse "commam?"
Hoje em dia, ( Buscardine)
não esta aqui presente, porque se tivesse estado presente, seria muito bonito,
porque perguntei Busacardino, uma pessoa morta vamos queima-los? E disse-me é
necessário, eu lhe disse que não apoiava a iniciativa.
E partimos sem levar
gasolina a não ser o gasolina que estão nos depósitos dos 6 carros.
Porque nunca vi uma pessoa
fuzilado e queimado de seguida, nunca vi, talvez noutros países fazem isso, na
luta de libertação nunca fizemos isso e o Buscardine sabia muito bem!
*** Nino Vieira..., Em todos os seis ou
cincos valas, couberam todos?
André Gomes : Não. Foram
utilizados apenas 3 valas
*** Nino Vieira...,Não sabias quantos
foram fuzilados em cada vala?
André Gomes : Ah! Não sei.
O que sinto hoje arrependido é de ter incluído Mário Ribeiro a força neste
trabalho sujo.
*** Nino Vieira...,E não te recordes
quantos prisioneiros vão em cada Viaturas e fuzilados de uma vez?
André Gomes : Em cada
carro no mínimo vão 11 e 12 pessoas e nessa madrugada foram fuzilados 60 contra
revolucionários.
*** Nino Vieira..., Contradições com os
numeros do camarada André ? Bom, vamos aos factos. Esta foi a primeira vez que
participas-te nas execuções?
André Gomes : Foi primeira
vez.
*** Nino Vieira...,Consta aqui que houve
fuzilamentos em Cumeré?
André Gomes : Sim. Na
realidade houve fuzilamentos em Cumeré, mas não participei directamente no
fuzilamento, mas fui chamado para manter a segurança no que respeita aos grupos
de comandos africanos e de Malam que foram detectados em diferentes bairros da
capital e que foram detidos e levados para Cumeré para um inquérito detalhado.
E foram formados 3 secções
de trabalho : primeira secção chefiada por :
António Buscardine,
segundo secção por
Jaime Sampa
e a terceira secção
por
Vasco Salvador Correia.
Na altura eu era chefe dos
quadros de chefe de estado-maior, eu tinha militares de quadros em Cumeré e foi
a razão que fui indigitado para organizar segurança nos locais de fuzilamentos,
mas não assisti as execuções.
Porque o Buscardine, todos
os fins de semanas enviava-nos números exactos das pessoas a serem fuzilados
nesse dia, é no máximo 17 prisioneiros.
Então façamos as escolhas
das pessoas que iam ser contemplados.
*** Nino Vieira..., Quantas valas foram
feitas em Cumeré, quantos foram executados?
Fizeram reunião do
estado-maior antes te incumbiram a tarefa tão delicado?
- André Gomes : Não. Mas
não me lembro se se foi um telefonema do Comissariado de Interior que puseram
questão de comandos africanos que querem fazer levantamento militar em Bissau,
eram cerca de 11 horas e 30 minutos e fomos imediatamente convocados para uma
reunião com Buscardine que nos explicou detalhadamente o que está passar com os
comandos localizados em diferentes bairros da cidade e foi numa sexta-feira.
Fomos incumbidos a missão
por ordem de Umaro Djalo e fui digitado para o bairro-Bissau e parti com 4
soldados num "Jipe" e conforme estão a ser apanhados são levados para
comissariado do interior e foram todos capturados e entregue sob
responsabilidade dos agentes secretos de Buscardine e voltavamos para o nosso
posto de trabalho e apresentando um relatório verbal que as missões foram
cumpridas. Na altura Malam Sanha estava a fazer o mesmo trabalho na captura dos
elementos dos comandos.
*** Nino Vieira..., Quando foram
capturados todos os elementos dos comandos africanos, quem autorizava aberturas
das valas?
André Gomes :As valas não
é nada comigo, é da responsabilidade de Buscardino que determinava números das
valas e suas medições e números dos elementos a serem fuzilados.
Todas as decisões para
execuções dos prisioneiros vem do Comissariado do interior, porque estive com
eles durante 3 dias, porque eu tinha outras tarefas a minha espera no
estado-maior.
*** Nino Vieira..., Na sua presença
quantas pessoas foram fuziladas?
- André Gomes : Não me
lembro bem, mas não passa de 15 e 17 pessoas de acordo com "canhenho"
de Buscardino, durante todo o dia, preparamos e separamos os homens que vão ser
fuzilados na madrugada.
Só numa madrugada fuzilamos 50
comandos africanos entre 1977/78.
*** Nino Vieira..., As execuções que
foram feitas em Portugol Cumtima, farim, Bafatá, Cacheu e Cantchungo, fiquei
admirado de teres falado só de dois?
- André Gomes : Eu não
participei nos restantes locais aqui citados.
Mas tenho a informação
através de uma missiva de José Sanha vinda de Ingoré, que foram capturados no
Sénégal 900 antigos comandos africanos e estão detidos em Farim, e mesmo um
primo meu que tinha ido fazer cerimonia de choro, caiu na armadilha montada por
elementos de segurança de Buscardino.
Desloquei-me até Farim,
encontrei com um dos 10 sobreviventes dos 900 encarcerados sem "ar"
para respirar que me disse: Irmão! Se tivesses vindo ontem nesta prisão
improvisada, lá sabias que um ser humano tem força, onde me explicou que
descobriu um buraco onde consegui meter o nariz, porque estavamos pior que
sardinha enlatada e outros que não tiveram sorte e não conseguiram sobreviver dando
cabeçadas nos quatro murros, porque não tinham ar para respirar e morreram,
foram 890 pessoas.
*** Nino Vieira- Consta que
participaste uma vez directamente no fuzilamento?
- André Gomes : Só uma vez
em Portugol.
*** Nino Vieira- Mais uma vez
estamos em contradições sobre a sua participação!
E quem fazia relatório
depois de concluído o trabalho das execuções?
- André Gomes : Não há
relatório escrito. Só verbal.
*** Nino Vieira..., Depois das execuções
recebem condecorações, promoções ou recompensa financeiras?
- Andre Gomes, Nada,
absolutamente nada.
*** Nino Vieira..., André, quem tu
consideras culpado das execuções sem julgamentos e quem dá as ordens para
fazerem fuzilamentos?
André Gomes : Nós todos
somos culpados, mas os maiores culpados são os responsáveis de segurança do
Comissariado de interior.