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domingo, 14 de novembro de 2010

14 de NOVEMBRO DE 1980 - 30 ANOS DEPOIS

Mas, pela forma como esse Historico Homem guineense foi abatido, tudo indica para o culminar de uma incomensuravel acumulacao de um "mix" de raiva e odio, que foi deixando para tras no respectivo percurso politico, a partir de 14 de Novembro de 1980!
                                       ATUALIZADO - 14 Agosto 2011                                                                                      
Escrevo hoje sobre esta data historica para o nosso povo e nacao em reconhecida homenagem a pessoa do General das Forcas Armadas guineenses recentemente assassinado (2 de Marco de 2009), Joao Bernardo "Nino" Vieira.

Procurarei evitar a evocacao de ressentimentos que em nada contribuirao para a construcao de uma Nova Guine-Bissau.
Os meus primeiros textos sobre o tema, em meados do ano de 2005, foram bastantes elucidativos, sobre o meu ponto de vista em relacao a este acontecimento historico, seis anos apos o reconhecimento da derrota militar pelo Regime Colonial e Fascista Portugues e sete anos apos proclamacao unilateral da independencia do nosso pais, nas terras de Madina do Boe, pelo PAIGC na pessoa de Joao Bernardo "Nino" Vieira.

OS ANOS DE SANGUESSUGAS
24 de Setembro de 1973 a 14 de Novembro de 1980

Contrariamente as expectativas criadas pelo magnifico significado da palavra "independencia" no seio do nosso povo e enquanto este persistia em manter-se presente em todas as reunioes politicas, trabalhos voluntarios e bater palmas cada vez que um Combatente da Liberdade da Patria "abria a boca", o sangue guineense, traicoeiramente, e mais uma vez - depois de Amilcar Cabral e tantos outros terem sido atraicoados e friamente assassinados - comecou a escorrer de veias e arterias dos melhores filhos da Guine-Bissau para o seu chao.
O povo limitava-se a enterrar, com toda a dignidade, os respectivos corpos:

- Jose Carlos Chwartz
- Francisco Mendes (Chico Te), e Primeiro Primeiro Ministro que a Guine independente conheceu.
- Cidadaos guineenses membros da Accao Nacional Popular da Guine Portuguesa (Uma tardia mudanca assumida pelo Regime Colonial e em sua representacao, Governador General Antonio de Spinola)
- Dezenas de Oficiais dos Comandos Africanos das Forcas Armadas Portuguesas, nomeadamente, Tenente Justo e Capitao Adramane.
Batiam as portas, perguntavam por "Flano" e levavam-no para nunca mais regressar a sua casa. Em muitos casos, "Flano" era o unico trabalhador da familia e haviam criancas...
O mesmo fazia a terrivel Policia Politica Portuguesa conhecida por PIDE-DGS.
E TANTOS MAIS FILHOS DA GUINE-BISSAU ACUSADOS DE COLABORACAO COM O REGIME COLONIAL... Acusacao valida apenas para a jovem Republica da Guine-Bissau, nao era valida para a tambem jovem Republica de Cabo Verde igualmente administrada pelo mesmo e unico partido politico, o P.A.I.G.C..
AQUI (em Cabo Verde), GENTE QUE PARTICIPOU DIRECTAMENTE NO SISTEMA ADMINISTRATIVO COLONIAL PORTUGUES OBJECTIVAMENTE VIOLENTO,  FOI SIMPLESMENTE RECUPERADA FACE AS TAREFAS DE RECONSTRUCAO NACIONAL QUE SE ADVINHAVAM DURAS E CARECER DE PARTICIPACAO DE TODOS... sua Pensao de Reforma e/ou Sobrevivencia, resolvida pelo proprio governo do PAIGC, por vias protocolares firmados com o tambem Novo Regime Democratico entretanto, no poder em Portugal.
Neste caso, e em sentido oposto, funcionarios publicos portugueses de origens guineenses, eram obrigados a fugir das suas terras por quaisquer meios ao seu alcance, para salvaguardarem as suas vidas, ou simplesmente, partir para Lisboa e arranjar formas de ai viver cinco anos, para entao requerer a nacionalidade portuguesa. Aguardar que o respectivo requerimento seja deferido e so entao, exigir do Estado portugues os seus direitos de beneficiar de uma Pensao de Reforma e/ou Sobrevivencia (no caso dos conjuges).
Alguns conseguiram resolver os seus problemas. Outros, dezenas de anos depois, continuam a aguardar por esse reconhecimento, enquanto que, para muitos, tornou-se tarde demais e em Lisboa, por vezes, anonimamente, ai foram enterrados (1).

Portugal resolveu todos os assuntos relacionados com os antigos militares das suas forcas em Africa que conseguiram, por merito proprio, desembarcar em Lisboa . Em parte, porque estes puderam contar com os apoios dos seus antigos superiores hierarquicos ou Associacoes. A mesma sorte nao tiverammuitos portugueses de origens guineenses...

E SUGARAM SANGUE GUINEENSE ATE SEREM INTERROMPIDOS EM 14 DE NOVEMBRO DE 1980!

Escrevo numa altura em que, na Guine-Bissau, se implementou uma politica de lavagem/branqueamento desta historica data logo a seguir ao desaparecimento fisico de "Nino" Vieira, com o re-baptizar da principal Avenida com esse nome.
Aqui, um sector de politicos guineenses quiseram de facto, desfazer-se de vestigios de "Nino" Vieira, mais do que do significado da data em causa - UMA SEGUNDA INDEPENDENCIA!

O que se seguiu depois dos acontecimentos de 14 de Novembro de 1980, devera ser materia para quem viveu de perto e, portanto, conhecedor dos fatos,,, pois, abandonei Bissau menos de um ano depois.
Mas, pela forma como esse Historico Homem guineense foi abatido, tudo indica para o culminar de uma incomensuravel acumulacao de um "mix" de raiva e odio que foi deixando para tras no respectivo percurso politico, a partir de 14 de Novembro de 1980. Por exemplo:  http://www.independenciaslusa.info/viuva-revoltada-29-anos-apos-fuzilamentos-ordenados-por-nino/


"O 14 de Novembro de 1980 poupou muitas vidas guineenses" 
Ao Jornal Gazeta de Bissau
Sr. Mario Ansumane
(Aguardaremos pelo seu livro!)

Foram os anos de Sanguessugas porque esse tambem foi o periodo de desenvolvimento economico que a jovem Republica da Guine-Bissau jamais conheceu nos 37 anos de pais independente.

"Ma n`punta kal dia
ki Sambassuga supra sim murdi"


                          Atchutchi/Mamadjombo


Ao Sr. Joao Bernardo "Nino" Vieira, aonde quer que esteja, que a Sua alma tenha finalmente, PAZ!
E, obrigado pelo 14 de Novembro de 1980.

AS FAMILIAS GUINEENSES:
Em homenagem as familias guineenses submersas num mar de dor e angustia permanentes pela ausencia de justica!

"Em prol de um futuro melhor para o nosso glorioso povo, guineense, gente de brandos costumes"!


Mantenham os vossos olhos nos vossos defrontes, para nao deixarem de ser olhos!
Que eu, tambem farei o mesmo!

IRodrigues
Os fatos sao fatos independentemente do meu ponto de vista e/ou do seu - caro leitor do "blufondam"!


(1) Devo observar ainda que, os cidadaos guineenses de origens cabo-verdianas tambem sofreram com esta discriminacao. Em outras palavras, neste caso, o regime encarou-os enquanto guineenses e, por isso, sentiram na pele os mesmos efeitos discriminatorios.
Com efeito, tratou-se de uma politica implementada unicamente, na Guine-Bissau a partir do ano de 1977 e imediatamente a seguir da visita a Portugal de uma delegacao de altos dirigentes do partido politico no poder, na altura, nos dois paises irmaos - o P.A.I.G.C.!
Limitei-me a escrever a verdade!

Antes de terminar esta nota, senti-me tentado a apresentar a seguinte questao: 

Perante este texto, qual deveria ser o instinto comportamental de qualquer um de nos, que nasceu e/ou cresceu nesse pais - Republica da Guine-Bissau?

Mais uma vez, o problema ou reside nas dificuldades analiticas, ou estamos todos perante uma  hipocrisia patriotica!...

Viva a Rep. da Guine-Bissau! 


ATUALIZADO EM 03/01/2019: "O UNICO GOLPE VERDADEIRAMENTE COERENTE" Alguem escreveu no Ditadura e Consenso", sigam o link:
https://ditaduraeconsenso.blogspot.com/2019/01/opiniao-discurso-nacao-do-presidente-da.html


ATUALIZADO EM 09/06/2017
POR ONDE SEGUIU NINO VIEIRA DEPOIS DE 14/11/1980 (Fonte: dokainternacional.blogspot.com):


QUEM ACUSA MANECAS DOS SANTOS NÃO SE CHAMA DOKA INTERNACIONAL..., MAS SIM, O CORONEL JOÃO MONTEIRO. POR CONHECE- LO BEM, A EXPOSIÇÃO FEITA POR DJÓN MONTEIRO EM RELAÇÃO AO MANECAS DOS SANTOS...., EU DOKA INTERNACIONAL PERGUNTO AO SEDJA MAN E AO BACARI BIAI...., PORQUE RAZÃO ESTE ANIMAL NÃO ESTA NA PRISÃO???


Comissão de Inquérito (CI)- João Monteiro..., queremos a tua cooperação nesta matéria.
Estamos na quarta tentativa para que digas onde foram fuzilados e onde foram enterrados os restos mortais das pessoas acusadas no caso 17 de Outubro!!!
Resposta de João Monteiro (JM) – Não tratei nem lidei directamente com essa matéria.
As pessoas que lidaram directamente com essa matéria foram:
 O Julio Semedo, na altura ministro dos Negocios Estrangeiros..., o  Coronel Manuel Santos- MANECAS..., o Morgado..., o Iaia Dabó..., o Joãozinho e o Marcos.

Comissão de Inquérito- Consta que foram fuzilados em Mansôa e transportados para a mata de Portugole.
J. Monteiro - O Inacio é que tem uma ponta naqueles lados pode indicar exatamente o local.

CI- Porquê o Ministro dos Negocios Estrangeiros nessa matéria?

J. Monteiro – Porque ele estava a preparar o anuncio oficial ao corpo diplomatico do fuzilamento dos acusados.
O Camarada Presidente insistiu em que fosse ele a coordenar a operação.

CI – Porque é que utilizas o termo acusados e não condenados?

J. Monteiro – Porque estas pessoas nunca chegaram de ser julgadas em qualquer tribunal.CI – Nem mesmo no tribunal militar?

J. Monteiro – Não houve tribunal militar nenhum.
O Tribunal Militar era tudo uma grande encenação.
Todos sabemos que o Coronel Humberto Gomes era a pessoa de mão do Nino.
Ele mandava executar todos aqueles que o Nino e o Coronel Manuel Santos- MANECAS  indicavam na lista.
Os fuzilamentos no Caso 17 de Outubro estavam num estado de decomposição fisica como resultado das torturas do Capitão Robalo,  Tchutchu..., Marcos e ... vou contar-vos um episodio que se passou no quintal do Palacio.
No decorrer do progresso do Caso de 17 Outubro o Huberto e demais membros do Tribunal Militar aparecem no quintal e o Huberto diz ao Presidente Nino :
Senhor Presidente, o resultado do inquérito mostra claramente que estes acusados não são culpados.
O Tribunal e o acusador público disseram ao Tribunal que as provas não existem contra estes acusados.
As únicas provas são as confissões conseguidas sob tortura, e por isso invalidas perante o Tribunal.
O Presidente Nino bateu com as mãos na cadeira dizendo que as provas tinham que ser inventadas, porque ele tinha informações seguras dos vizinhos do Paulo Correia, Manecas e Francisca, como provas suficientes do golpe do Paulo que recebia constantes visitas dos implicados.
O Tribunal tinha que encontrar provas.
Os olhos do NinoVieira brilhavam de sangue vermelho.
CI – E como reagiu o advogado de defesa do Paulo Correia ( Carlos Pinto Pereira)????????

J. Monteiro – Qual advogado de defesa???  O advogado de defesa do Paulo Correia foi escolhido por nós, mais precisamente, pelo Manecas.
O advogado entregava a Segurança do Estado todas as declarações do Paulo Correia.

CI – Mais porque é que tu mencionas o Manecas em quase todos os pontos?

J. Monteiro – Porque uma vez disse ao Nino Vieira que as atitudes do Manecas Santos,  iam afundar a sua presidência se ele não tomasse cuidado e afastasse o Manecas!!!CI – Porque é que o Nino devia afastar o Manecas?

JM – Uma vez na reunião da ANP do partido PAIGC (partido único), ouvi o Manecas a chamar os deputados que estavam a colocar perguntas sobre o Imposto de Reconstrução Nacional de confusionistas e anaflfabetos.
A partir daí, cheguei a conclusão do grau de irresponsabilidade desse homem.

CI – Certas pessoas pensam que tu também foste irresponsavel em certas tomadas de posição.
Estamos referindo-nos ao teu papel na prisão do João da Costa?

J. Monteiro – Em toda a minha carreira, nunca tomei decisões por mim mesmo.
Tudo o que fiz foi em cumprimento de ordens recebidos de Nino.
O Manecas aventurava-se na tomada de decisões aventureiras que, as vezes, complicavam mais do que resolviam determinadas situações.

CI – Conta-nos o que sabes do caso João da Costa?

J. Monteiro- Foi uma encenação estúpida em que as pessoas inocentes perderam a vida.
A reação da oposição e do Chefe de Estado Maior na altura o Saco Cassamá dificultou ainda mais a operação ao tomar sob sua custódia pessoal o João da Costa.

CI – Quem foi o reponsável pela encernação?

J. Monteiro – O proprio Nino Vieira.
Ele era incapaz de compreender que os tempos tinham mudado. Os tempos exigiam outros métodos, mais discretos.

CI – Porque dizes que o Saco Cassamá complicou a operação?

J. Monteiro - Por causa da caustódia sobre o João da Costa.
Porque o Saco gozava de um prestígio enorme entre os jovens oficiais e tnhamos recebido informações que ele já estava farto do Nino até aos miolos.
Ele era intocável por causa de uma brilhante folha de serviços em missões de manutenção de paz das Nações Unidas.
O Nino tinha muito medo do Saco, por isso decidiu envenená-lo.

CI – Tinham decidido eliminar também o João Costa?

J. Monteiro
 – Não.
O plano nunca foi de eliminar o João.
O plano era de encarcerá-lo com uma valente pancadaria e inutilizar os seus orgãos genitais.

CI – Anteriormente, tu disseste a esta comissão que vôces ( a Segurança do Estado) tinham o controle de toda a situação na Guiné!!!
Como explicas isso?

J. Monteiro – A Guiné é um país pequeno e pobre.
Basta apertar as pessoas um pouco economicamente para aliciá-las.
As nossas estruturas mantinham um controle interno e externo ao mesmo tempo.
Internamente, temos os nossos agentes nos Bancos, nos Ministérios, nas Embaixadas, na Presidência e nas Forças Armadas.
Na Guiné ninguém ascende ao posto superior de hierarquia do Estado sem ser um dos nossos.
Ninguém consegue um trabalho condigno sem a nossa autorização.
Durante anos, como exemplo, 
o Bartolomeu e o Bernadinoentrevistavam os quadros que chegavam ao país e forneciam-nos informações sobre as convicções políticas dos mesmos.
Deste modo complicavamos o cadastro de todos os quadros do país e sabiamos com quem podiamos contar.
Quem estava contra nós.
O Delfim desenvolveu o mesmo trabalho durante anos na antiga URSS para nós.

CI – E em relação aos Partidos Políticos?

J. Monteiro - Em relação aos Partidos Políticos, as coisas foram bem mais fáceis.
Nunca iríamos fazer a abertura política sem termos a certeza de controlarmos a situação.
Financiamos a criação de certos Partidos como por exemplo o PCD do Victor Mandinga e a Frente Democrática do Menezes.
Ambos, devem somas colossais ao Estado e são comerciantes interessados no lucro.
O Manecas Santos, organizou esta parte do trabalho com fundos do Nino e de alguns empresários portugueses, amigos do Nino.
Foi levada a cabo uma acção de infiltração dos nossos oficiais nos Partidos, como é o caso do Edmundo Évora, do Victor Mandinga, do Sanca e outros.
Identificamos os elementos que nos poderiam dificultar no interior da oposição e levamos a cabo uma campanha de desinformação para criar as condições de expulsão destes elementos do interior da oposição.

CI – E daí?

J. M – Uma vez expulsos tornavam-se numa presa fácil porque ficavam também sem os seus empregos.
Para uma vida normal esperava-os uma grande complicação na vida.
CI – E no exterior?
J. Monteiro – No exterior as acções foram desenvolvidas através das nossas Embaixadas.CI – Com o conhecimento dos Embaixadores?

J. Monteiro – Julgo que não é segredo para ninguém que os Embaixadores eram nossos agentes uma vez que assinavam um documento de compromisso connosco no acto da nomeação.
Eram totalmente fiéis ao Nino.

CI – Ao Nino ou ao Estado?

J. Monteiro – Ao NinoCI – E as instituições financeiras privadas?

J. Monteiro – Julgo que todos vocês tem a ideia de como foram feitas as privatizações.
Uma célula no Ministério da Coordenação Economica, chefiada pelo Manecas Santos e dirigida pelo Issufo Sanhá.
O resto não é difícil de imaginar.
O BIGB com os nossos homens de mão Lobo de Pina e o Chico.
 No Banco Central (BCEAO) o Luís Cândido, o Godinho, e o Desejado.
 O Totta que é a caixa forte dos dirigentes da Guiné.

CI – Que sabes do caso das enfermeiras?

J. Monteiro – Não me envolvi directamente nisso por causa das operações militares em curso.
O Gabinete de crise decidiu confiar essa matéria a Francisca Pereira e ao Dr. Paulo Medina.

Pensava-se que eram as pessoas que tinham alguma experiência na área da Saúde e conheciam todos os Camaradas.
Os feridos da Junta, com alguma formação militar, eram injectados com veneno e eliminados.......!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

CI – Quem tinha decidido essa estratégia?

J. Monteiro – O próprio Nino e o Samba Lamine.CI – E aqueles que foram enterrados no cemitério?

J. Monteiro – Foram descontentes que pressionavam para que abrissemos negociações com a Junta.
Foram executados sumariamente com um tiro na nuca por mim, pelo Manecas Santos..., pelo Baciro Dabó..., pelo José Manuel Mendes Pereira, pelo Saido e alguns oficiais senegaleses.

CI – Quantos foram executados dessa maneira?

J. Monteiro – Um número indeterminado na medida em que as execuções eram sumárias, sem julgamento.


Por isso, não mantinhamos uma lista porque era muito perigoso..., dizia o Presidente Nino.
ATUALIZADO EM 19/02/2016, COMANDANTE MANECAS SANTOS: http://tchogue.blogspot.ae/2017/02/amilcar-cabral-nao-era-sonhador-era-um.html

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AGORA, LEIA S.F.F. O DOCUMENTO QUE SE SEGUE (copiado do blog guineense "Doka Internacional" em 03/03/2016):

SE RECORDAR É VIVER..., ENTÃO VAMOS RECORDAR AOS QUE NUNCA DEVERIAM SER ESQUECIDOS..., ALGUNS PELOS SEUS PECADOS E OUTROS POR FALTA DE AMOR E COMPAIXÃO...., DOKA INTERNACIONAL CONSTANTEMENTE NA LINHA DA FRENTE PELA VERDADE. 
O UNICO

"Declarações de André Gomes, chefe do departamento do Estado-Maior da Guiné-Bissau em Novembro de 1980 no Comissariado do Interior no pós-golpe de estado conduzido pelo ex: Comissário-Principal do Presidente Luís Cabral 
"Nino Vieira."
Na Guiné-Bissau não havia Primeiro-ministro.
Primeiro-ministro só em Cabo-Verde.
Unidade Cabo-Verde-Guine..., só em Bissau!
Até um Angolano foi ministro de cultura em Guiné-Bissau.
Ironia da unidade entre Guiné-Bissau e Cabo-Verde."

O extrai de declarações de "André Gomes"
*** Nino Vieira-   
André Gomes, quantos membros de CEMFA, do Comissariado de Interior e responsáveis de segurança do Comissariado do Interior, participaram em reuniões preparativos para as execuções dos ditos presos políticos?
- André Gomes : Sim, esta pergunta da reunião preparativo para as execuções dos contra revolucionários no "CEMFA" participaram os seguintes camaradas:
O chefe Umaro Djalo
Lúcio Soares
Honório Chantre
Julinho de Carvalho todos responsáveis do Estado-maior.
Os chefes dos departamentos:
André Gomes,
Abdulai Bari,
Arafan Mané (Indjamba,)
Bobô Queita,
João da Silva,
Armando Soares da Gama,
Mamadu Alfa Djalo,
José Nancassa e as vezes
Sana Fuma (Sousa.)
Elementos de Estado do Comissariado do Interior participaram os camaradas:
Constantino Teixeira (Tdjudju Axxon,)
António Buscardine,
Lourenço Gomes,
Luís Correia e as vezes o
camarada "Quintino Vieira (Sabará.)"


*** Nino Vieira-  André, Quem eram os responsáveis militares do Comissariado do Interior e de segurança que organizavam e elaboravam as listas de execuções dos presos?
-   André Gomes : A reunião de elaboração das listas e programa das execuções dos contra revolucionários, considere-os como um acto normal por estado-maior.
Mas nós não participamos directamente nas execuções. Nas reuniões, primeiro reúnem os dois Comissários, os camaradas Umaro Djalo e Constantino Teixeira que estão sempre em contactos permanente e depois os chefes dos departamentos são convocados para uma reunião geral em conjunto.
Na primeiro reunião participaram :
Constantino Teixeira,
Umaro Djalo,
Lúcio Soares,
Honório Chantre,
Julinho de Carvalho e
António Buscardine a níveis dos responsáveis supremo do Comissariado do Interior e das forças armadas e depois convocam uma reunião geral para explicar a situação dos contra revolucionários.

*** Nno Vieira-   André, o quê que se tratava de importante nestes reuniões gerais?
-   André Gomes : Nesta primeira reunião gerais que se passou no ano passado, respeitava a execução dos elementos de "Malam Sanha" de forma como Buscardine nos explicou.
Porque esta reunião surpresa para executar os elementos de Malam Sanha e Malam Sanha ninguém esperava. Cerca das 10 horas, recebi uma telefonema no meu departamento por intermédio do oficial de ligação entre os dois Comissários que tínhamos uma reunião urgente as 10 horas com os elementos de seguranças de estado, onde todos os membros de estado-maior devem participar as dez horas "pil."
Entrei na sala de reunião dei com os camaradas:
Lúcio Soares,
João da Silva,
Bobo Queita,
Julinho de Carvalho e
Morgado sendo os primeiros elementos a chegarem e entrei e ocupei o meu lugar.
Minutos depois aparece Umaro Djalo perguntando se os convocados já chegaram e eu disse-lhe não por momento e telefonei muitas vezes para Base aérea de Bissílanca afim contactar Gazela não consegui.

***Nino Vieira-  Gazela participa também nas reuniões?

-    André Gomes : Sim. Participa. E depois acabaram por concentrar todos os elementos do estado-maior e Umaro Djalo disse, vamos aguardar a chegada dos camaradas do Comissariado do Interior.
Um dos primeiros a chegar foi o camarada Constantino Teixeira que perguntou imediatamente por Umaro Djalo, Lúcio Soares..., e disse-lhe que se encontra no gabinete de Honório Chantre porque o seu gabinete encontra-se em estado de renovação.
Camarada Constantino Teixeira com ar de pouco amigo, perguntou se os outros elementos do Comissariado não tinham chegado e disse-lhe que não e ligou imediatamente para o seu comissariado perguntando por Buscardine que estava a espera de Luís Correia que estava muito atrasado e depois chegaram.
A reunião foi aberta pelo Umaro Djalo explicando que os camaradas do Comissariado do Interior apresentaram listas dos contra revolucionários que querem fazer levantamentos, mas aguardo a explicação do camarada Buscardine por mais detalhe.
Todos em silêncio escutando explicações do António Busacrdine como Secretário-geral de Comissariado de Interior.
Buscardine começou a dizer que os grupos de "Malam Sanha" que estão em Brá e em conjunto com os antigos comandos africanos, começaram a praticar em certos actividades contra revolucionárias, porque temos as informações concretos das suas actividades e alguns indícios que começaram aparecer no Bairro de "Kumtum" e é preciso tomar medidas urgente eliminando essas pessoas.
E foi para mim uma surpresa, depois de tantos pedidos de esclarecimentos a reunião prolongou muito tempo e depois o Constantino perguntou o quê estavamos a espera com estes contra revolucionarios, porque eram pessoas que deviam ser eliminados a muito tempo se for eu a tomar decisão.
E no decorrer da reunião achamos que a única decisão é de acabar com eles definitivamente.
E ainda o Constantino replicou a sua ira dizendo, que muitas vezes explicou o chefe sem citar o nome e não me usei da palavra e não me fiquei lembrado se os outros usaram de palavras, mas todos estavam do acordo com Umaro Djalo para formar uma comissão de execuções e foram indicados pelo Umaro Djalo os seguintes elementos:
Eu, André Gomes como responsável de operação que tinha todos os mapas do terreno e mais outros camaradas como:
Julião Lopes e
Bobô Queita como homem de transporte.
E antes do termo da reunião o tio Lourenço usou da palavra.

*** Nino Vieira.., O que ele disse?

-   André Gomes : Ele disse que muitas das vezes avisou que estes indivíduos são muito perigosos e qualquer dia vão tirar-nos no puder se continuarmos a brincar com eles.
E acrescentou que na sua opinião, o fuzilamento devia dar inicio mais rápidamente possível.
Terminada a reunião, o camarada Bobô Queita foi encarregado de preparar as viaturas.
Eu e o camarada Julião Lopes fomos encarregados para preparar os terrenos para as execuções que não deve demorar muito tempo.
Tomamos a incumbência e partimos no dia seguinte para interior do país a fim de sondar terrenos que se adapta as execuções.
Mas o camarada Constantino Teixeira, deu-nos apoio na procura do terreno dentro de Bissau e aceitamos a sua ajuda.
Mas só que no local apontado pelo Camarada Constantino Teixeira em Bissalanca o lugar não era propício, porque havia muitas tabancas.
E voltamos para explicar o Camarada Constantino Teixeira que em Bissau o lugar não é aconselhável para as práticas das execuções sumarias.
Então ele disse que a única solução é a região de Oio no sector de Portugol e aceitei logo porque conheço bem o terreno, porque eu tinha um pequeno grupo naquela área e ali que é mesmo favorável, porque é o meu sítio favorito para caça dos animais.

*** Nino Vieira vocês foram escolher o Terreno, e como prepararam as valas?
 Bom! Já que não queres responder, depois da escolha do terreno em companhia do Constantino Teixeira o quê que fizeram depois?

André Gomes :
Voltamos imediatamente para Bissau onde fiz um bilhete para "Chico Tavares."

Nino Vieira Quem é o Chico Tavares?

André : Chico Tavares na altura era chefe de estado-maior de batalhão de infantaria de Mansoa, onde expliquei na carta que seguia ao seu encontro para uma missão especial com 24 homens dirigido por "Tagme Na Way."

*** Nino Vieira- Quem é Tagma?

André : Tagma Na Way é um capitão de exercito que estava na unidade do palácio e mais tarde foi transferido para o polícia militar (PM) na amura, com a missão de preparar cinco valas com seguintes dimensões:
3 metros de profundidade,
3 metros de comprimentos e
2 metros de larguras
com a distancia de 100 metros cada e tudo deve ser resolvido antes de domingo a tarde.

*** Nino Vieira  foi em que data?
André Gomes : Foi em 16 de Dezembro de 1978
Prossegiu:

*** Nino Vieira, André Gomes : Quando as valas foram concluídas, camarada Chico mandou-me explicar que os trabalhos estão prontos e entrei em contacto com o António Buscardine informado que o meu trabalho esta concluído segundo as suas indicações e perguntou-me se as viaturas estão prontos e lhe disse sim senhor, mas de qualquer modo vou perguntar o Camarada Bobô Queita responsavel de transporte se as viaturas estão prontas e telefonei imediatamente o camarada Bobô no seu gabinete perguntei-lhe se as viaturas estão prontas e disse-me que logo a tarde ia dar resposta porque ordenou Mário Ribeiro para preparar as viaturas.
As 3 horas da tarde comecei a ver os carros a entrarem na "Amura" e eu estava a observar na varanda do meu Departamento e logo perguntei Mário Ribeiro se os carros estão prontos para missão e disse-me sim e até Bobô Queta já mandou atesta-los e pedi logo que os levassem para a Marinha com mais espaço para receber os carros.

*** Nino Vieira- No total foram quantos carros preparados?

André Gomes : No total foram 6 carros e telefonei Buscardino confirmando que as viaturas estão prontas para o serviço e respondeu que eles já estão prontos e que estão a nossa espera.
Chamei o Mário para deixar os condutores irem jantar e voltar mais rapidamente possível mais tardar as 9 horas da noite, porque à missão é de grande responsabilidade.
As 8 Horas e 30 minutos, saí da minha casa e passei pelo Comissariado do Interior para encontrar com o Buscardine e não o encontrei e dirigi-me directamente para marinha e encontrei o Julião Lopes comandante da Marinha sentado num banco ao lado do Mateus o seu adjunto e perguntei o oficial dia se tudo estava em ordem e disse-me sim, camarada André, tudo em ordem e mesmo os outros condutores estão a dormir aguardando a hora da partida.
E chamei logo o Mário Ribeiro para ir buscar os condutores, os condutores vieram e pegaram nos carros e seguiram directamente para o Comissariado do Interior e depois parti com Julião Lopes para o Comissariado do Interior e encontramos o Buscardino a nossa espera e disse que tudo está pronto e mesmo as listas estão entregue ao ofical "Orlando."
E policias de Buscardine todos sabiam do assunto e eu julgava que eles tinham separado os presos que vão ser fuzilados em vários celas, porque em Cumeré não à luz vai e vai ser difícil fazer separações dos presos selecionados na escuridão por essa noite.
Chamei o "Orlando" que estava vestido de "Camuflado militar" (farda militar) e ele meteu a mão no bolso e tirou as listas, mas não abriu porque estavamos numa esplanada e o Mário Ribeiro estava presente, talvez lá é que foi o engano do Mário de dizer que falei de "Tchen e cordas."
Era isso que eu queria esclarecer sobre as declarações do Mário Ribeiro devido a pergunta que eu fiz o "Orlando" sobre listas e que o Mário Ribeiro julgou que eu estava a perguntar o Orlando de "Tchen e cordas."
Então partimos sem Buscardine e fomos até a curva onde Camilo teve o desastre do carro a pouco tempo com Braima Bangura e disse Julião, é melhor para não avançarmos e ficamos aqui a espera deles, passado quinze minutos vimos um carro estacionado ao lado da prisão embarcando uma mulher que ia ser fuzilada por ter matado uma outra mulher segundo explicação dadas pela policia de estado, de seguida chegaram os carros carregados dos prisioneiros selecionaddos e perguntei Orlando se cumpriram com a missão, disse-me sim, que tudo estava de acordo com as instruções de Buscardine e eu disse-lhe então Nô Pintcha.
E partimos em direcção a Nhacra em companhia de Julião Lopes, quem conduzia era eu e estacionamos naquela madrugada junto ao poste de Nhacra e outros carros dirigiram directamente para cumeré e outros ficaram parados porque os prisioneiros estavam com sede pedindo água.
Dirigimos para cumeré porque os outros perderam muito tempo para se juntar e encontramos os prisioneiros a serem almejados e amarrados com cordas.
Depois do trabalho feito, partimos para o lugar de fuzilamentos e chegamos volta de 5 horas de madrugada e foram executados uma hora mais tarde devido confusões com as valas comuns.
As coisas aconteceram de acordo com as informações dada pelo Mário Ribeiro concernente as dificuldades do terreno para chegar aos locais das execuções.

*** Nino Vieira - Como é que organizavam as execuções?

André Gomes : As execuções foram organizadas de acordo com abertura das Valas e verificamos quantidades de homens que cabiam numa vala e aplicamos as formalidades perguntando se alguém tem algo a dizer e depois eu disse Julião que está aqui ao meu lado depois de ver o "Saieg" no grupo, porque eu tinha conhecido no Cumeré e perguntei-lhe, Saieg, tu outra vez aqui?
Ele me disse, não sei!
E disse ao Julião, estás a ver a confusão de tudo isto!
Porque ele e os outros tinham sido feitos processos individuais e foram perdoados e outra vez estão aqui todos!
O Julião fez-me o sinal com a mão que não sabe de nada.
O "Orlando" e os seus companheiros, têm muita experiencia neste domínio, onde têm uma corda que pode atar até 20 pessoas poupando algemas.
Depois de tudo bem preparado, formamos em retaguarda dos condenados mais ao menos 7 homens armados e preparados para executar depois de serem perguntados se tinham alguma coisa a dizer ou recado a mandar.
Mas como já estão naquela situação dificil, cada um diz o que apetecer.
O único de facto que me lembrei dele é do "Sikre" que me disse; André diga o Tdjudju Axxon que eu parti ( im by tdjà) eu disse-lhe esta bem, vai ser entregue o seu recado.
Depois das formalidades, mandamos abrir fogo e caiem dentro da vala e tiramos as cordadas e enterramos.

*** Nino Vieira..., Nós temos conhcimentos que tu participavas diretamente e fuzilando?

André Gomes : Ali Julião presente, eu nunca peguei em nenhuma arma para matar alguém, nem um dia.
Tirando fora da luta armada! Nuna e nunca. Tanto no portugol e outros locais, nem um dia!

*** Nino Vieira...,Vocês iam com gasolinas para queimar os fuzilados?

André Gomes : Problema de Gasolina foi a ideia do Buscardino, falou da gasolina para queimar os fuzilados, eu lhe disse "commam?"
Hoje em dia, ( Buscardine) não esta aqui presente, porque se tivesse estado presente, seria muito bonito, porque perguntei Busacardino, uma pessoa morta vamos queima-los? E disse-me é necessário, eu lhe disse que não apoiava a iniciativa.
E partimos sem levar gasolina a não ser o gasolina que estão nos depósitos dos 6 carros.
Porque nunca vi uma pessoa fuzilado e queimado de seguida, nunca vi, talvez noutros países fazem isso, na luta de libertação nunca fizemos isso e o Buscardine sabia muito bem!

*** Nino Vieira..., Em todos os seis ou cincos valas, couberam todos?

André Gomes : Não. Foram utilizados apenas 3 valas
*** Nino Vieira...,Não sabias quantos foram fuzilados em cada vala?
André Gomes : Ah! Não sei. O que sinto hoje arrependido é de ter incluído Mário Ribeiro a força neste trabalho sujo.
*** Nino Vieira...,E não te recordes quantos prisioneiros vão em cada Viaturas e fuzilados de uma vez?

André Gomes : Em cada carro no mínimo vão 11 e 12 pessoas e nessa madrugada foram fuzilados 60 contra revolucionários.

*** Nino Vieira..., Contradições com os numeros do camarada André ? Bom, vamos aos factos. Esta foi a primeira vez que participas-te nas execuções?

André Gomes : Foi primeira vez.

*** Nino Vieira...,Consta aqui que houve fuzilamentos em Cumeré?

André Gomes : Sim. Na realidade houve fuzilamentos em Cumeré, mas não participei directamente no fuzilamento, mas fui chamado para manter a segurança no que respeita aos grupos de comandos africanos e de Malam que foram detectados em diferentes bairros da capital e que foram detidos e levados para Cumeré para um inquérito detalhado.
E foram formados 3 secções de trabalho : primeira secção chefiada por :
António Buscardine,
segundo secção por
Jaime Sampa
e a terceira secção por
Vasco Salvador Correia.
Na altura eu era chefe dos quadros de chefe de estado-maior, eu tinha militares de quadros em Cumeré e foi a razão que fui indigitado para organizar segurança nos locais de fuzilamentos, mas não assisti as execuções.
Porque o Buscardine, todos os fins de semanas enviava-nos números exactos das pessoas a serem fuzilados nesse dia, é no máximo 17 prisioneiros.
Então façamos as escolhas das pessoas que iam ser contemplados.

*** Nino Vieira..., Quantas valas foram feitas em Cumeré, quantos foram executados?
Fizeram reunião do estado-maior antes te incumbiram a tarefa tão delicado?

- André Gomes : Não. Mas não me lembro se se foi um telefonema do Comissariado de Interior que puseram questão de comandos africanos que querem fazer levantamento militar em Bissau, eram cerca de 11 horas e 30 minutos e fomos imediatamente convocados para uma reunião com Buscardine que nos explicou detalhadamente o que está passar com os comandos localizados em diferentes bairros da cidade e foi numa sexta-feira.
Fomos incumbidos a missão por ordem de Umaro Djalo e fui digitado para o bairro-Bissau e parti com 4 soldados num "Jipe" e conforme estão a ser apanhados são levados para comissariado do interior e foram todos capturados e entregue sob responsabilidade dos agentes secretos de Buscardine e voltavamos para o nosso posto de trabalho e apresentando um relatório verbal que as missões foram cumpridas. Na altura Malam Sanha estava a fazer o mesmo trabalho na captura dos elementos dos comandos.

*** Nino Vieira..., Quando foram capturados todos os elementos dos comandos africanos, quem autorizava aberturas das valas?

André Gomes :As valas não é nada comigo, é da responsabilidade de Buscardino que determinava números das valas e suas medições e números dos elementos a serem fuzilados.
Todas as decisões para execuções dos prisioneiros vem do Comissariado do interior, porque estive com eles durante 3 dias, porque eu tinha outras tarefas a minha espera no estado-maior.

*** Nino Vieira..., Na sua presença quantas pessoas foram fuziladas?

- André Gomes : Não me lembro bem, mas não passa de 15 e 17 pessoas de acordo com "canhenho" de Buscardino, durante todo o dia, preparamos e separamos os homens que vão ser fuzilados na madrugada.
Só numa madrugada fuzilamos 50 comandos africanos entre 1977/78.

*** Nino Vieira..., As execuções que foram feitas em Portugol Cumtima, farim, Bafatá, Cacheu e Cantchungo, fiquei admirado de teres falado só de dois?

- André Gomes : Eu não participei nos restantes locais aqui citados.
Mas tenho a informação através de uma missiva de José Sanha vinda de Ingoré, que foram capturados no Sénégal 900 antigos comandos africanos e estão detidos em Farim, e mesmo um primo meu que tinha ido fazer cerimonia de choro, caiu na armadilha montada por elementos de segurança de Buscardino.
Desloquei-me até Farim, encontrei com um dos 10 sobreviventes dos 900 encarcerados sem "ar" para respirar que me disse: Irmão! Se tivesses vindo ontem nesta prisão improvisada, lá sabias que um ser humano tem força, onde me explicou que descobriu um buraco onde consegui meter o nariz, porque estavamos pior que sardinha enlatada e outros que não tiveram sorte e não conseguiram sobreviver dando cabeçadas nos quatro murros, porque não tinham ar para respirar e morreram, foram 890 pessoas.

*** Nino Vieira- Consta que participaste uma vez directamente no fuzilamento?

- André Gomes : Só uma vez em Portugol.

*** Nino Vieira- Mais uma vez estamos em contradições sobre a sua participação!
E quem fazia relatório depois de concluído o trabalho das execuções?

- André Gomes : Não há relatório escrito. Só verbal.
*** Nino Vieira..., Depois das execuções recebem condecorações, promoções ou recompensa financeiras?

- Andre Gomes, Nada, absolutamente nada.

*** Nino Vieira..., André, quem tu consideras culpado das execuções sem julgamentos e quem dá as ordens para fazerem fuzilamentos?
André Gomes : Nós todos somos culpados, mas os maiores culpados são os responsáveis de segurança do Comissariado de interior.
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CABO VERDE: 
COMO SEMPRE AFIRMEI, TENTARAM FAZER O MESMO NO PAIS IRMAO. Blufondam
https://bambaramdipadida.blogspot.co.uk/2017/06/cabo-verde-4-de-junho-de-1977-40-anos.html